Memória

Dia 29/11 a Folha de São Paulo publicou uma matéria ótima sobre memória com vários depoimentos de especialistas, confira aqui, aproveite e faça o teste:

Trechos

Esqueceu uma coisa importante? Normal. Qualquer pessoa saudável, em qualquer idade, pode ter lapsos.

“Brancos” acontecem por motivos comuns: nervosismo, estresse, insônia, cansaço, excesso de informações.

“A memória é uma função cognitiva dependente dos processos de atenção. Qualquer coisa que interfira na concentração pode prejudicá-la”, afirma Mônica Sanches Yassuda, neuropsicóloga e pesquisadora da USP.

O esquecimento não é ruim. Para a neurologia, é tão importante quanto a lembrança. “Para recordar seletivamente o que interessa você tem que inibir, bloquear ou esquecer certas coisas. É inútil lembrar-se de tudo”, diz o neurologista Benito Damasceno, da Unicamp.

Não tem uma fórmula para melhorar a memória. Mas sempre é bom reforçar que gravar um fato depende de concentração e interesse.

“Estar motivado aumenta o tônus cerebral, criando uma situação ótima para que informações sejam registradas”, diz Benito Damasceno.

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Motivo da memória fraca

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Memória turbinada na Revista Galileu

(…)”Nosso cérebro foi feito para lembrar de muita coisa. Durante a evolução, o ser humano sobreviveu se deslocando para coletar recursos e depois retornar para sua comunidade. E foram essas demandas que esculpiram nossas memórias, não as do mundo moderno. Como regra geral, você nunca vai esquecer das suas necessidades básicas (comer, dormir), e talvez nem sempre lembre do que a sua cabeça pré-histórica considere supérfluo – nas cavernas não havia contas para pagar nem agendamento no dentista. Na definição dos especialistas, uma boa memória de você enganar seu cérebro, tornando memoráveis coisas que esse troglodita deixaria passar batido.”(…)

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Problemas com a memória

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Aprendendo a esquecer

Eliminar um fato da memória não significa apagá-lo, mas aprendê-lo de outra forma, propôs no início do século passado o fisiologista russo Ivan Pavlov, o mesmo que condicionou cães a salivar sempre que ouviam o toque de uma sineta. Quase cem anos mais tarde experimentos com ratos feitos por pesquisadores do Brasil e da Argentina indicam que Pavlov aparentemente estava certo. Ao menos no que se refere ao esquecimento de eventos desagradáveis ou aterrorizantes, como deparar na esquina com um assaltante portando uma arma.

Os neurocientistas Janine Rossato, Lia Bevilaqua e Martín Cammarota, do Laboratório de Neuroquímica e Neurofisiologia da Memória do Centro de Memória do Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), submeteram roedores a uma série de testes em que tinham de aprender uma informação e depois esquecê-la. No trabalho em que descrevem os experimentos, os pesquisadores demonstraram que o processo de extinção de uma memória é muito semelhante ao de aquisição e que ambos podem ser reforçados ou enfraquecidos no momento de sua utilização.

“Esse resultado é um marco conceitual”, afirma Cammarota, diretor do grupo e coordenador do estudo do qual participaram Iván Izquierdo, da PUCRS, e Jorge Medina, da Universidade de Buenos Aires, na Argentina. Até então a visão mais aceita pela neurociência era a de que a extinção e a reconsolidação da memória eram processos antagônicos e excludentes: uma lembrança só poderia ser apagada ou fortalecida. Os dados apresentados na PNAS tornam sólida uma ideia um pouco diferente: eliminar uma memória não significa apagá-la, mas, como havia sugerido Pavlov, criar uma nova memória que coexiste com a inicial e se sobrepõe a ela.

Parece estranho imaginar o esquecimento como uma forma diferente de recordar algo. Mas é isso que o grupo de Cammarota vem observando em estudos feitos nos últimos cinco anos. Uma descrição dos testes deve ajudar a entender o trabalho. Num experimento tradicional de aprendizagem, um rato é colocado sobre uma pequena plataforma elevada no interior de uma gaiola. O roedor desce da plataforma e inicia um passeio pelo novo ambiente tão logo se vê sozinho. Mas, para avaliar a capacidade de memorização, os pesquisadores fazem o rato aprender algo novo: quando desce da plataforma, leva um leve choque nas patas que indica que explorar a casa desconhecida pode ser perigoso. Numa próxima vez, o roedor leva em média sete vezes mais tempo para se arriscar fora da plataforma, numa indicação de que se recorda do que ocorreu anteriormente.

Os pesquisadores repetem algumas vezes o experimento eliminando o choque quando pretendem desfazer a memória do evento que causa aversão, processo denominado extinção. Nos testes de extinção, a memória é resgatada sem um dos componentes que a originou – no caso dos roedores, eles deixam de levar choque numa situação semelhante àquela em que receberam a descarga elétrica antes. Em geral depois de cinco sessões sem receber a descarga elétrica, os animais se esquecem do choque. Foi justamente na extinção da memória que a equipe de Cammarota conseguiu interferir. No experimento descrito na PNAS, Janine e Lia submeteram os ratos a cinco sessões de extinção – uma por dia, a partir de 24 horas depois de os animais aprenderem que poderiam levar um choque ao descer da plataforma. Instantes depois da última sessão de extinção, elas aplicaram diretamente no hipocampo, região do cérebro associada à aquisição da memória, a anisomicina, um inibidor de síntese protéica.

O bloqueio da síntese proteica, necessária à formação e à consolidação da memória, prejudicou o esquecimento (extinção da memória) do evento desagradável. Colocados na plataforma, os ratos se comportavam do mesmo modo que faziam depois da sessão de choque e evitavam descer ao chão da gaiola, diferentemente daqueles que receberam o tratamento com veículo, utilizado apenas para dissolver a droga utilizada, portanto, inócuo. “Esse resultado indica que a extinção pode tanto ser fortalecida como desaparecer”, explica Cammarota.

Essa constatação altera a compreensão de como ocorre a extinção de uma memória e pode levar, no futuro, ao desenvolvimento de tratamentos medicamentosos e de psicoterapias que auxiliem no tratamento de problemas como o transtorno de estresse pós-traumático, distúrbio psiquiátrico marcado por lembranças intensas e até mesmo paralisantes de uma situação que colocou a vida em risco, a exemplo de um sequestro-relâmpago ou um assalto a mão armada. “Algumas formas de terapia cognitivo-comportamental fazem a pessoa reviver a situação desagradável ou de medo para tentar eliminar a memória do evento traumático, mas esse efeito dura algumas semanas”, conta Cammarota. “Não se levava em consideração que o processo de extinção pode ser modificado e até fortalecido pela utilização da memória”, diz.

Caso os resultados da equipe de Cammarota sejam replicados por outros grupos, talvez seja possível desenvolver compostos químicos ou estratégias psicoterápicas que reforcem o processo de extinção, em vez de alterar a memória inicial por meio da lembrança do evento traumático. Seria algo como passar pela esquina do assalto repetidas vezes e verificar que nem sempre haverá um meliante à espreita. “Se conseguirmos melhorar o processo de extinção”, diz Cammarota, “talvez possamos eliminar a memória desagradável inicial”.

Fonte: Revista Pesquisa Fapesp

“O aspecto mais notável da memória é o esquecimento” (James McGaugh)

@larissaomfaria

Acontece com certa frequência…

Vi aqui

@giselecgs

Sweet Memories…

Somos seres sociais e sociáveis (às vezes não), nos relacionamos com o mundo e com tudo que nos cerca, e até mesmo com o que não vemos (quem sabe?). Temos nossa história, recebemos fortes influências culturais, selecionamos comportamentos que achamos mais adequados para determinada situação (nem sempre). Mas isso tudo é possível pois somos capazes de perceber os estímulos diversos e assimilá-los, ou seja, somos capazes de aprender, mesmo quando não percebemos. Nossa história, os fatos cotidianos são somente lembrados pois temos memória. Esta subsidia a visão de nós mesmos e do mundo, e determina como nos relacionamos com o(s) outro(s). Só isso!
A aprendizagem é o processo pelo qual nós e outros organismos adquirimos conhecimentos, tornando possível a modificação do comportamento em relação aos eventos do ambiente e as respostas do organismo. As experiências vivenciadas desencadeiam alterações celulares e moleculares no sistema nervoso central (SNC), resultando no aparecimento da memória.
A memória é o processo de consolidação, recuperação, reconsolidação, persistência e extinção das informações adquiridas. Mas o que são essas coisas? Bem, vamos por partes!
No momento da aprendizagem (aquisição de uma informação) até aproximadamente 3 horas o cérebro dos organismos em geral sofre as primeiras mudanças nos circuitos neuronais, resultantes da comunicação entre os neurônios (isto é sinapse!); esta fase inicial caracteriza a memória de curto-prazo ou memória recente, que é aquela que é recém-adquirida, fácil de esquecer. A memória recém-adquirida passa por um período de labilidade inicial, no qual tende a não ser recuperada, mas felizmente, em seguida, ocorre a fase inicial da consolidação da memória, a qual pode durar até 6 horas ou mais e requer a síntese de novas proteínas e a expressão de genes necessárias para produzir modificações estruturais estáveis das sinapses e nos circuitos neuronais. Portanto, a consolidação consiste no processo pelo qual novas memórias inicialmente vulneráveis à desorganização são fortalecidas ao longo do tempo, tornando-se uma memória de longo-prazo. Há também a presença de uma fase tardia da consolidação desta memória de longo-prazo, que pode durar dias até semanas, tornando o armazenamento desta permanente e persistente. Contudo, a reativação ou recuperação da memória de longo-prazo existente pode induzir novamente a um estado de instabilidade transiente, a qual requer re-estabilização da memória original. Este novo período é denominado reconsolidação e também requer nova síntese protéica.
A persistência da memória é uma das principais características da memória de longa-duração, mais remota (acima de semanas e meses), e envolve mecanismos neurais cuja ocorrência parece se repetir em ciclos (isto explica o porque a aprendizagem é mais eficaz em determinados períodos do dia). Mas isto entre indivíduos, de acordo com seus hábitos.
A memória ainda pode ser classificada de acordo com o seu conteúdo: memória explícita ou declarativa, que inclui o conhecimento sobre fatos ou eventos, cuja evocação requer um esforço consciente; e memória implícita ou procedimental está relacionada a comportamentos que se repetem com freqüência, condicionamentos reflexos ou habilidades motoras.
Entre as estruturas neurais que participam dos processos de aprendizagem e memória, está o hipocampo, o qual é responsável principalmente pela formação da memória recente, capacidade de reconhecimento de ambientes e configuração de estímulos sensoriais em particular. O hipocampo envia projeções se comunicando com outras áreas cerebrais, como o neocórtex, onde ocorre o armazenamento a longo-prazo da memória. Mas o hipocampo não deixa de ter seu papel a longo-prazo, ele ainda é essencial na evocação das memória remotas. Além disso, ele se conecta com outras estruturas do sistema límbico, responsável pelas nossa emoções. Uma delas é a amígdala, que participa dos processos de modulação e seleção de memórias relacionadas ao medo, prazer sexual, entre outros ‘sentimentos’…
E existe ainda a questão do esquecimento, que é imprescindível, ou imagina se nos lembrássemos de tudo que fizemos, cada detalhe do que vimos?! Tanta informação seria torturante! “Talvez o aspecto mais notável da memória é o esquecimento” (James McGaugh, 1971).
Existem principalmente dois tipos de esquecimento: repressão, que consiste no cancelamento da evocação de memórias que nos causam desagrado, mal-estar ou prejuízo (que bom!), podendo ser voluntária ou não; e a extinção, a qual consiste em um declínio na intensidade ou freqüência do comportamento aprendido, ou seja, ocorre uma nova associação, um novo aprendizado, que suprime a resposta original.
E por fim, recomendo a leitura de dois artigos brilhantes (segue links abaixo) entre tantos publicados por Ivan Izquierdo, grande cientista argentino que desenvolve suas pesquisas aqui no Brasil, pioneiro no estudo da neurobiologia da memória e do aprendizado. Vale a pena conferir pois não é necessário ter grandes conhecimentos técnicos, e além disso, vem acompanhando figuras que mostram a localização de estruturas centrais da aprendizagem e memória.

Memórias : aqui

A arte de esquecer : aqui

@larissaomfaria

Teste sua memória

http://migre.me/3Zw5R

Por @giselecgs

"Um simples cérebro, sendo bem mais longo do que o céu, pode acomodar confortavelmente o intelecto de um homem de bem e o resto do mundo, lado a lado." Emily Dickinson
"Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos." Nelson Rodrigues
"Cada um pense o quiser e diga o que pensa" Espinosa
"O animal satisfeito dorme" Guimarães Rosa