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Do blog 42. – a hora de morrer

O texto a seguir foi escrito por Dudley Clendinen e publicado no New York Times em julho de 2011,  a tradução foi feita pelo blog 42., apreciei muito e quero que vocês leiam, segue abaixo:

“Eu tenho amigos maravilhosos. Neste último ano, um me levou para Istambul. Um me deu uma caixa de chocolates artesanais. Quinze deles fizeram dois excitantes e pré-póstumos funerais para mim. Vários assinaram cheques grandes. Dois me enviaram uma caixa com todas as cantatas sacras de Bach. E um, do Texas, pôs a mão no meu ombro emagrecido e pareceu estudar o terreno onde estávamos. Ele tinha vindo me ver.

“Precisamos comprar uma pistola, não é?”, Ele perguntou em voz baixa. Para eu atirar em mim mesmo, ele queria dizer.

“Sim docinho,” eu disse, com um sorriso. “Precisamos”.

Eu o amava por isso.

Eu amo a todos eles. Tenho uma sorte imensa por ter a minha família e amigos, e minha filha, meu trabalho e minha vida. Mas eu tenho esclerose lateral amiotrófica, ou ELA, mais gentilmente conhecida como doença de Lou Gehrig, por causa do grande rebatedor Yankee e homem de primeira base, a quem foi dito que o tinha em 1939, e que aceitou o veredicto com tanta graça, morrendo menos de dois anos depois . Ele tinha quase 38 anos.

Às vezes eu a chamo de Lou, em sua homenagem, e porque o familiar parece menos ameaçador. Mas não é uma doença gentil. Os nervos e músculos pulsam e se contorcer e, progressivamente, morrem. Do lado de fora, parece a onda de teclas de piano nos músculos sob a minha pele. Por dentro, parece aquela ansiedade que dá frio do estômago, tentando sair. Ela começa nas mãos e nos pés e vai fazendo seu caminho para cima e para dentro, ou ela começa nos músculos da boca e da garganta e no peito e abdômen, e vai indo para baixo e para fora. A segunda maneira é chamada “bulbar”, e que é o jeito que acontece comigo. Nós não vivemos muito porque ela afeta a nossa capacidade de respirar logo no início e só fica pior.

No momento, para alguém com 66, eu pareço muito bem. Perdi 10 quilos. Meu rosto está mais fino. Eu até ouço alguns “Olá, bonitão”, de que gosto. Eu penso nisso como minha fase de cosméticos. Mas é difícil sorrir e mastigar. Estou com falta de ar. Eu engasgo muito. Eu soo como bêbado ofegante do lábio preso. Para um alcoólatra em recuperação, é realmente irritante.

Não há nenhum tratamento significativo. Não há cura. Existe uma medicação, Rilutek, o que pode fazer a diferença de alguns meses. É vendido por cerca de US $ 14.000 por ano. O que não me parece valer a pena. Se eu deixar a doença correr seu curso, com todo o carinho e apoio pessoal, medico e tecnológico que precisarei ter nos próximos poucos meses, ela vai me deixar, em 5 ou 8 ou 12 anos, uma múmia consciente, mas imóvel, muda, murcha e incontinente. Mantida por tubos de alimentação e de excreção e por máquinas de respiração e sucção.

Não, obrigado. Eu odeio dar trabalho. Eu não acho que vou ficar para ver a metade final de Lou.

Eu acho que é importante dizer isso. Nós somos obcecados neste país por coisas como comer, vestir, beber, achar emprego e um companheiro. Sobre sexo e filhos. Sobre como viver. Mas nós não falamos sobre como morrer. Agimos como se encarar a morte não fosse uma das maiores emoções da vida e um dos maiores desafios. Acredite em mim, é. Isto não é entediante. Mas temos de ser capazes de ver os médicos e máquinas, sistemas médicos e seguros, familiares e amigos e religiões como informativos – e não impositores -, a fim de sermos livres.

E esse é o ponto. Não se trata de uma doença em particular ou mesmo da morte. Isso é sobre a vida, quando você sabe que não resta muito. Essa é a bênção estranha de Lou. Não há como escapar e pouco a fazer. É libertador.

Comecei a perder a dicção em maio de 2010. Quando o neurologista me deu o diagnóstico em novembro daquele ano, ele apertou minha mão com um sorriso amarelo e me liberou para o frio, vazio e cinza estacionamento abaixo.

Era crepúsculo. Ele confirmou o que eu tinha suspeitado por seis meses de testes com outros especialistas à procura de outras explicações. Mas suspeita e certeza são duas coisas diferentes. Ali, de repente me bateu que eu ia morrer. “Eu não estou preparado para isso”, pensei. “Eu não sei se fico aqui, entro no carro, me sento nela, ou dirijo. Para onde? Por quê?” A confusão durou cerca de cinco minutos, e então me lembrei que eu tinha um plano. Eu tinha um jantar marcado em Washington naquela noite com um velho amigo, um estudioso e autor que estava se sentindo deprimido. Conversávamos muito sobre ele. Justo. Hoje à noite, eu aumentaria a aposta. Falaríamos sobre Lou.

Na manhã seguinte, percebi que eu tinha um modo de vida. Por 22 anos, tinha ido a terapeutas e reuniões dos alcoolicos anônimos. Eles me ajudaram a lidar com um alcoólatra gay que era. Eles me ensinaram a me manter sóbrio e saudável. Ensinaram-me que eu poderia ser eu mesmo, mas que a vida não era apenas sobre mim. Eles me ensinaram como ser um pai. E, talvez mais importante, eles me ensinaram que eu posso fazer qualquer coisa, um dia de cada vez.

Incluindo isto.

Estou, de fato, preparado. Isto não é tão difícil para mim como é para outros. Não é tão difícil como é para Whitney, minha filha de 30 anos de idade, e para minha família e amigos. Eu sei. Eu tenho experiência.

Eu era próximo da minha velha prima, Florence, doente terminal. Ela queria morrer, não esperar. Eu era legalmente responsável por duas tias, Bessie e Carolyn, e pela minha mãe, as quais teriam morrido de causas naturais anos antes se não por causa da tecnologia médica, sistemas bem-intencionados e mãos carinhosas e atenciosas.

Eu passei centenas de dias ao lado da mãe, segurando a mão dela, tentando contar-lhe histórias engraçadas. Davam-na banho, e fraldas, a vestiam e a alimentavam, e nos últimos anos ela olhava para mim, seu único filho, como olharia uma nuvem passageira.

Eu não quero essa experiência para Whitney – nem para quem gosta de mim. Protelar seria um desperdício colossal de amor e dinheiro.

Se eu optar pela traqueostomia que vou precisar nos próximos meses para evitar asfixia ou morte por pneumonia aspirativa, o respirador e os funcionários e um sistema de apoio necessário para manter-me vivo vai custar meio milhão de dólares por ano. Meio milhão do dinheiro de quem, eu não sei.

Eu prefiro morrer. Eu respeito os desejos de pessoas que querem viver tanto tempo quanto puderem. Mas eu gostaria o mesmo respeito para aqueles de nós que decidem – racionalmente – o contrário. Eu fiz minha lição de casa. Eu tenho um plano. Se eu pegar pneumonia, eu deixo ela me levar. Se não, existem aquelas outras maneiras. Eu só tenho que agir enquanto minhas mãos continuam funcionando: a arma, entorpecentes, lâminas afiadas, um saco plástico, um carro rápido, remédios, chá de oleandro (uma maneira educada do Sul), monóxido de carbono, mesmo hélio. Que me daria uma voz muito engraçada no final.

Eu encontrei um caminho. Não uma arma. Uma forma que é calma e tranquila.

Saber disso me conforta. Eu não me preocupo mais com alimentos gordurosos. Eu não me preocupo em ter dinheiro suficiente para envelhecer. Eu não vou envelhecer.

Estou tendo uma experiência maravilhosa.

Eu tenho uma filha brilhante, linda e talentosa que mora por perto, o presente da minha vida. Eu não sei se ela aprova, mas ela entende. Deixa-la é a única coisa que eu odeio. Mas tudo o que posso fazer é dar a ela um pai que era vigoroso até o fim e soube quando desistir. O que mais existe? Eu passo muito tempo escrevendo cartas e notas, e gravando as conversas sobre isso, que eu encaro como A Boa Vida Curta (e Terna Saída), para a WYPR-FM, a principal estação pública de radio em Baltimore. Eu quero quebrar o gelo, tornar mais fácil falar sobre a morte. Estou muito atrasado em minhas notas, mas as pessoas são incrivelmente pacientes e agradáveis. E convidativa. Eu tenho convites e mais convites.

No mês passado, um velho amigo me trouxe uma gravação dos maiores shows que ele já havia ouvido; Leonard Cohen, ao vivo, em Londres, há três anos. Música poderosa, etérea, escrita por um poeta, compositor e cantor, cuja vida tem sido tão dura e vigorosa como uma velha árvore.

A canção que me paralisou, palavras e música, foi “Dance Me to the End of Love”. Essa é a maneira que eu sinto ultimamente. Eu estou dançando, girando ao redor, feliz nos últimos compassos da vida que eu amo. Quando a música parar – quando eu não puder amarrar minha gravata borboleta, contar uma história engraçada, passear com meu cachorro, conversar com Whitney, beijar alguém especial, ou escrever linhas como estas – eu saberei que a vida acabou.

É hora de ir embora.”

Mais uma vez o link do blog 42.

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Sentindo-se um inútil


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Sabes como vencer a procrastinação, Gervásio?

Caso você esteja interessado neste texto, mas vai deixar para depois, sinto informar mas você é um procrastinador.

Carta n.º 4
Sabes como vencer a procrastinação, Gervásio?

Olá Umbigo,
Escrevo-te porque não sei bem o que fazer. A verdade é que estou
aflito, tanto, que decidi voltar a escrever-te, imagina… Tenho de apresentar
um relatório de 5 páginas na segunda-feira e, como sabes, já só
me restam 3 dias. Suspeito que não vou conseguir e as consequências
serão trágicas.
As indicações da professora foram mínimas. Para dificultar ainda
mais a minha vida, o tema sugerido é vago e vastíssimo. Nem sei por
onde começar. Sim, sim. Eu sei, que devia ter pensado antes, mas por
muito que não acredites, eu tentei; simplesmente acho que não sou feito
para escrever relatórios.
– Caríssimo, tenho-me abstido de interromper os teus dislates molhados,
os teus queixumes típicos de avestruz de cabeça enterrada e até
as tuas piadinhas insossas, mas não me posso conter mais…
– Umbigo???!!!
– Claro, quem querias que te respondesse, o teu rim?
– Bem, se tu o dizes…
– Eu percebo a tua estranheza e o teu desconforto, mas enquanto
continuares a choramingar, não vamos a lado algum. Como sabes “as verdades
que menos gostamos de ouvir são as que mais falta nos fazem”,
por isso, desculpa, mas não te vou poupar. Estou preocupado contigo e,
como “quem não alimenta o cão, alimenta o ladrão”, aqui vai a primeira
regra de qualquer estudante, sobretudo de um universitário: precisas de
assumir com verticalidade a responsabilidade pelo teu comportamento
académico.
– Isso tem tradução em português?
– Engraçadinho… Claro que podes não ter sempre os melhores
professores, nem as melhores condições para estudar. Este curso pode
não ter sido a tua primeira escolha, a vida pode não ser muito fácil, mas
se continuares a responsabilizar os docentes pelos teus insucessos, os
condutores dos autocarros pelos teus sucessivos atrasos, o meridiano de
Greenwich pelos problemas recorrentes do teu despertador, a insuficiente
dieta em batata-doce pela tua desatenção crónica… vamos passar sempre
ao lado dos problemas.
– Bem, não sei bem qual é o mal, mas enfim, se tu o dizes…
– Atribuir sempre as causas de tudo o que não te corre bem a
alguém ou a alguma coisa pode fazer bem ao teu ego palaciano, mas
atrasa a resolução dos problemas. Tiveste má nota na frequência porque
“não nasci para aprender Chinês”; porque “o professor de Chinês adormece
nas próprias aulas”; porque “ninguém consegue ler aqueles livros
de texto, nem os próprios chineses”; porque “os livros chineses estão
escritos em Chinês e são… Chinês”; porque…
Talvez, pelo menos uma vez, o que te acontece seja consequência
do teu comportamento, da tua desorganização, do teu baixo empenho?…
Talvez algo possa mudar se assumires a responsabilidade pelo
teu agir… Não te parece?
– O que é que queres que faça?! Nem sempre me apetece estudar.
– Nem sempre te apetece estudar, Gervásio?! Bem-vindo ao mundo
dos mortais. A questão é que estudar é como tudo o resto na vida; nem
sempre queremos fazer aquilo que devemos. O desafio está na capacidade
de mobilizarmos a vontade no sentido do dever. Seria absurdo que
um condutor de um autocarro a abarrotar o abandonasse no meio de
uma avenida para comprar uns queijos na mercearia do Sr. José, não te
parece?!…
– Sim, sim, já entendi a mensagem, mas agora estou mais preocupado
em acabar este trabalho. Sobre tudo o resto tenho tempo para
pensar depois.
– Esse é o problema. Vives sempre a tentar remendar as imensas
trapalhadas da tua vida sem parar para reflectir sobre o teu agir. “Enquanto
não for amanhã, desconheceremos os benefícios do presente.” Quem
dera que este velho adágio popular te fizesse algum sentido, que despertasse
alguns dos teus neurónios entorpecidos. O que te acontece hoje foi
escrito ontem. Entendes? Se perderes mais esta oportunidade de tentar
perceber porque é que o caos insiste em ocupar tanto espaço na tua vida,
perdes o foco.
– O que posso fazer?
– “O vazio de um dia perdido nunca será preenchido”, por isso é
importante reflectires bem sobre o aproveitamento do tempo. Dizem os
entendidos que a gestão do tempo é um dos factores mais importantes
no sucesso escolar dos alunos universitários.
– O quê, tipo fazer horários?
– Organização, isso é o que é necessário. Mas ser organizado não é
necessariamente sinónimo de pendurar um horário no frigorífico ou de
espalhar post-it de cores e tamanhos diversos por todo o lado, até na
torradeira. “Um dia vale por três para quem faz as coisas a tempo.”
– Umbigo, o que é que tens hoje, engoliste algum livro de ditados
populares? E não tiveste nenhuma indigestão?
– …
– Desculpa. Um destes dias lá na Universidade ouvi falar da importância
da gestão de tempo, das listas CAF (listas de Coisas a Fazer) e da
necessidade de priorizar as actividades para aumentar a eficácia e diminuir
o desperdício de tempo, mas não lhes dei grande atenção…
– Sim, Gervásio, essa é mais uma das estratégias de gestão do
tempo. É fundamental sabermos o que temos de fazer para podermos
organizar e priorizar as nossas actividades. Para simplificar, digo-te que
as tarefas mais complexas devem ser divididas nas suas componentes;
qualquer bife pode ser comido inteiro, mas parti-lo em pequenos pedaços
facilita a mastigação, sobretudo se a carne conseguir entortar a faca.
– Ok, ok, deixa-te de sermões, e agora, o que é que faço com este
trabalho?
– Antes de atacares a tarefa deves estabelecer um plano, e dividir
esse objectivo geral e distante em objectivos mais próximos. Estabelecer o
tema, datas para atingir cada etapa, recolher informação, procurar a ajuda
de colegas, de professores, realizar o primeiro rascunho e prever tempo
para rever e corrigir. Para realizares todas estas tarefas é necessário organizar
o local de estudo, arrumar a imensa pilha de papéis que ameaça
soterrar-te, tentar controlar um pouco os distractores de estimação…
– Hum?!
– Recorda que os distractores podem ser internos, tais como a preocupação
exagerada, a imaginação desenfreada, o sonhar acordado, o
aborrecimento… ou externos, tais como os barulhos intensos, a desarrumação,
a desordem do material de estudo, o frio…
– Sim, sim, somos íntimos; mas para os controlar o que é que devo
fazer?
– Em primeiro lugar, Gervásio, podes estabelecer objectivos que
sejam concretos e realistas, mas desafiadores. Objectivos que dirijam os
teus esforços para a tarefa. Depois deves gerir o tempo de modo a conseguires
realizar a tarefa sem pressas nem atabalhoamentos. Organização
é o apelido do sucesso.
– Eu tento estudar, o problema é que adio sucessivamente essa boa
intenção. As saídas até tarde com os amigos, as conversas intermináveis
na Net, as voltas em casa sem destino… Às vezes tento estudar, mas os
olhos resvalam sem fixar as palavras… A vontade já não é muita e, com
frequência, deixo o trabalho para depois…
– Procrastinação!
– Também não é preciso insultar, Umbigo.
– Gervásio, Gervásio! Procrastinar significa o adiamento sucessivo
das tarefas. Podemos evitar as tarefas porque suspeitamos que podemos
falhar, porque somos perfeccionistas e nunca estamos satisfeitos com o
que fazemos, por falta de hábitos de trabalho, por desorganização, porque,
porque, porque…
– Umbigo, Umbigo, nem pareces tu. Há que dar tempo ao tempo.
A propósito de ditados, relembro-te o velho adágio que repetes até à
náusea: “Calma! Com o tempo, a erva torna-se leite” ou ainda aquele
outro “Roma e Pavia não se fizeram num dia.” O que é que pensas deste
meu contra-ataque cirúrgico?
– Vou ignorar a provocação. Sabes como vencer a procrastinação,
Gervásio?
– Não, mas suspeito que me vais dizer…
– Estabelecendo metas de curto prazo, monitorizando a realização
das tarefas intermédias, escolhendo as alturas mais favoráveis do dia
para trabalhar, dando-te alguma pequena recompensa, modificando algumas
condições do local de estudo para o tornar mais agradável ou mais
sóbrio… Enfim, trabalhando em pequenas etapas de cada vez e domando
a força de vontade. Por exemplo, é óbvio que não devias estudar deitado
na cama, o nível de concentração que alcanças é demasiado profundo.
Não sei se me entendes?
– Para ser sincero, não muito bem…
– Nem sei porque faço estas perguntas… Também é importante
que não te esqueças que “uma só fenda pode afogar o barco”, por isso
cuida cada pormenor pois todos são importantes. A intimidade com
a tarefa é um dos principais factores de motivação para a realização.
As grandes amizades não se fazem à primeira vista, mas depois de
muito conhecer-se. O julgamento impulsivo tipo “acho que não gosto”,
ou o seu contrário, são superficiais. Quantos livros interessantíssimos
teriam ficado por ler se os leitores não resistissem à aridez das primeiras
páginas? Conheço mais, gosto mais, invisto mais, domino mais, gosto
cada vez mais…
Resumindo, penso que relativamente a este trabalho concreto é importante
definir o tema o mais exactamente possível; mas também o seu
propósito final: um resumo?, uma crítica?, um relatório? A extensão
pretendida: é diferente escrever um trabalho de 3 ou de 20 páginas; e
por último, as indicações específicas: tipo de letra, espaçamento, datas
de entrega, local…
É como te digo, Gervásio, neste relatório deves fazer o mesmo que
no teu estudo pessoal. Para cada tarefa há sempre um antes, um durante
e um depois, que é o mesmo que dizer: planificar, executar e avaliar.
Qual o tema, onde e quando recolher as informações relevantes, quais as
ideias-chave a incluir… Planificar o que vais fazer, como o vais fazer,
qual o timing, de que recursos dispões…
– Bem, neste momento estou um pouco nas lonas, mas…
– Enfim, adiante… Depois há que enfrentar a tarefa, combater os
distractores, centrar-te no trabalho, recolher e organizar a informação na
biblioteca, tomar notas, e escrever o primeiro rascunho. Por fim, rever o
trabalho. Corrigir os erros ortográficos, agilizar as ligações entre as
ideias, verificar a presença de todas as ideias-chave planeadas…
– Apesar de algo enjoativo, parece fácil, o pior é que…
– Gervásio, tens de acreditar que és capaz. Não estás sozinho. Afinal,
não é todos os dias que encontras o apoio de um Umbigo assim…
– Claro, como é que não tinha pensado nisso… Hã! Hã! Hã! Ainda
bem que me avisaste, já me sinto muito melhor. Bem, tenho mas é de
aumentar a minha dose de medicamentos e rapidamente.
Apesar de tudo, um abraço sem ressentimentos,
G.
P. S. Retive dois conselhos que me fizeram especial sentido. O primeiro:
“Escreve, mesmo que o primeiro resultado seja um desastre.
O importante é começar, só depois burilar.” Pelos vistos os textos nunca
saem bem à primeira, e é mais fácil trabalhar e melhorar um texto concreto.
Faz sentido.
O segundo: “Não abandones um texto num ponto final. No dia seguinte,
quando voltares a pegar no trabalho, vais ser assediado pela
síndrome da folha em branco, ficando paralisado sem saber como continuar.
Interrompe o trabalho sem terminar a ideia. No reinício, o completamento
da ideia será o aquecimento do trabalho de escrita seguinte.”
Deve ser verdade, mas tenho de experimentar.

Fonte:     COMPROMETER-SE COM O ESTUDAR NA UNIVERSIDADE:
“CARTAS DO GERVÁSIO AO SEU UMBIGO”

AUTORES
PEDRO ROSÁRIO • JOSÉ CARLOS NÚÑEZ
JÚLIO ANTÓNIO GONZÁLEZ-PIENDA

 

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Idiotas motivados:cuidado!

De Ricardo Coimbra

Via Allan Sieber

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Segue assim…que você vai longe.

E lamentou…

Will Tirando

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Os perigos da obediência – Stanley Milgram

Um dos primeiros voluntários do experimento de Milgram

O experimento do psicólogo Stanley Milgram realizado em 1961, causou polêmica e trouxe um alerta: maldades não necessitam de demônios…o psicólogo afirmou:
“A obediência consiste em que a pessoa passa a se ver como instrumento para realizar os desejos de outra e, portanto, não mais se considera responsável por seus atos. Uma vez ocorrida essa mudança essencial de ponto de vista, seguem-se todas as consequências da obediência”.

Pessoas comuns em atos atrozes: experimento de Milgram faz 50 anos


Capinaremos

Leia mais sobre a experiência aqui:Os Perigos da Obediência

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Entradas Mais Antigas Anteriores

"Um simples cérebro, sendo bem mais longo do que o céu, pode acomodar confortavelmente o intelecto de um homem de bem e o resto do mundo, lado a lado." Emily Dickinson
"Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos." Nelson Rodrigues
"Cada um pense o quiser e diga o que pensa" Espinosa
"O animal satisfeito dorme" Guimarães Rosa