Palavras que aliviam…

Dizer palavrões pode ajudar a aliviar a dor – mas apenas em pessoas que não xingam com frequência, concluíram pesquisadores de uma universidade britânica.

O estudo, dos pesquisadores Richard Stephens e Claudia Umland, da Keele University, em Newcastle-Under-Lyme, Inglaterra, será apresentado na conferência anual da British Psychological Society em Glasgow, na Escócia, em maio.

Um estudo feito anteriormente pela dupla já havia constatado que xingar pode reduzir a sensação de dor.

Quando diziam palavrões, participantes conseguiam manter suas mãos dentro de baldes contendo água gelada durante mais tempo.

Alívio da Dor Aguda

O estudo atual examinou se pessoas que dizem palavrões com mais frequência sentem tanto alívio quanto aquelas que xingam menos frequentemente.

Um total de 71 voluntários com idades entre 18 e 46 anos preencheram um questionário que avaliava com que frequência eles diziam palavrões.

Mais uma vez, a tolerância à dor foi medida com base em quanto tempo cada participante conseguia manter suas mãos em um balde contendo água gelada.

Os resultados revelaram que, quando comparados os índices de tolerância à dor com e sem xingamentos, os participantes que tinham o hábito de falar palavrões com mais frequência na vida diária conseguiram menos acréscimo de tempo ao xingar.

“A mensagem deste último estudo é interessante”, disse Stephens. “Se por um lado ele diz que xingar, como resposta à dor, pode ser benéfico, também há evidências de que se você xinga com muita frequência em situações do dia a dia o poder do xingamento não vai estar lá quando você precisar dele”.

“E se por um lado eu não defenderia o uso do xingamento como parte de uma estratégia médica de controle da dor, nosso estudo sugere que deveríamos ser mais tolerantes em relação a pessoas que xingam quando sentem dor forte”.

Stephens acrescentou: “De vez em quando, recebo cartas de pessoas que relatam episódios em que, como adultos, foram castigados por dizer palavrões em situações dolorosas”.

“Elas acham que as conclusões dos meus estudos provam que suas ações foram justificadas”.

Fenômeno Universal

Stephens e sua equipe acreditam que o alívio da dor ocorra porque xingar desencadeia no organismo a chamada reação de luta ou fuga.

Eles observaram que houve uma aceleração nas batidas do coração dos participantes que xingavam, uma resposta fisiológica associada ao comportamento agressivo.

O estudo provou, portanto, que dizer palavrões produz não apenas uma resposta emocional, mas também física.

Ele ajuda a explicar por que a prática de dizer palavrões persiste na humanidade desde tempos imemoriais.

“(A prática de) xingar existe há séculos e é um fenômeno linguístico humano universal”, disse Stephens.

“Ela parece ocupar o lado direito do cérebro, enquanto a maior parte da atividade linguística ocorre no hemisfério esquerdo”, explicou.

“Nosso estudo aponta uma possível explicação para por que o xingamento surgiu e por que persiste”.

Fonte: BBC Brasil

Portanto, na hora da dor, não se reprima e abuse do vocabulário!

@larissaomfaria

Love Hurts…

A dor da rejeição não é apenas uma figura de expressão ou de linguagem, mas algo tão real como a dor física. O cérebro simplesmente não distingue a dor física da dor emocional.

Experiências intensas de rejeição social ativam as mesmas áreas no cérebro que atuam na resposta a experiências sensoriais dolorosas.

“Os resultados dão novo sentido à ideia de que a rejeição “machuca'”, disse Ethan Kross, da Universidade de Michigan, que coordenou a pesquisa.

Os resultados do estudo foram publicados na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

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Dores semelhantes

“A princípio, derramar uma xícara de café quente em você mesmo ou pensar em uma pessoa com quem experimentou recentemente um rompimento inesperado parece que provocam tipos diferentes de dor, mas nosso estudo mostra que são mais semelhantes do que se pensava”, disse Kross.

Estudos anteriores indicaram que as mesmas regiões no cérebro apoiam os sentimentos emocionalmente estressantes que acompanham a experiência tanto da dor física como da rejeição social.

Sabe-se que a circuitaria neural responsável pelo componente afetivo da dor física e social envolve principalmente o cíngulo dorsal anterior e a ínsula anterior.

Esta nova pesquisa destaca que há uma interrelação neural entre esses dois tipos de experiências dolorosas em áreas do cérebro, uma parte em comum que se torna ativa quando uma pessoa experimenta sensações dolorosas, físicas ou não. Kross e colaboradores identificaram essas regiões: o córtex somatossensorial secundário e a ínsula dorsal posterior.

Fim do relacionamento

Participaram do estudo 40 voluntários que haviam passado por um fim inesperado de relacionamento amoroso nos últimos seis meses e que disseram se sentir rejeitados por causa do ocorrido.

Cada participante completou duas tarefas, uma relacionada à sensação de rejeição e outra com respostas à dor física, enquanto tinham seus cérebros examinados por ressonância magnética funcional.

“Verificamos que fortes sensações induzidas de rejeição social ativam as mesmas regiões cerebrais envolvidas com a sensação de dor física, áreas que são raramente ativadas em estudos de neuroimagens de emoções”, disse Kross.

Esses resultados levantam questões futuras interessantes, como se tratamentos para alívio da dor podem aliviar a dor emocional, bem como se traumas passados podem fazer com que as pessoas fiquem mais sensíveis a dor ou até mesmo susceptíveis à doenças, como a fibromialgia por exemplo.

Fonte: Agência Fapesp

@larissaomfaria

"Um simples cérebro, sendo bem mais longo do que o céu, pode acomodar confortavelmente o intelecto de um homem de bem e o resto do mundo, lado a lado." Emily Dickinson
"Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos." Nelson Rodrigues
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