Quando falamos em Sistema Nervoso logo pensamos nos neurônios como protagonistas. Porém, além dos neurônios há outra grande população celular residente no sistema nervoso central, a neuróglia. A primeira suposição dos cientistas, quando no descobrimento dessas células, foi a de que elas representavam o arcabouço de sustentação dos neurônios, daí o nome glia – referente à cola, em grego. A hipótese de função estrutural da neuróglia ainda é aceita, porém, atualmente, são conhecidas diversas funções específicas de cada tipo glial.
A classificação dos tipos celulares neurogliais aceita atualmente deve-se a Ramón y Cajal. Assim, no SNC consideram-se duas grandes classes de células neurogliais: a macróglia (formada pelos astrócitos e oligondendrócitos) e a micróglia.
Os astrócitos possuem prolongamentos que ocupam os meandros do espaço interneuronal, envolvendo sinapses e os nós de Ranvier, bem como formando capas envoltórias dos capilares sanguíneos do SNC. Os oligodendrócitos também possuem prolongamentos, que formam expansões que se enrolam em torno dos axônios centrais formando a bainha de mielina. Já a micróglia mostra-se aparentada às células do sistema imunitário em estrutura e função.
Um grupo de pesquisadores da University College of London, em artigo publicado na revista Science, demonstrou evidências de que os astrócitos, estas células multi-tarefas vistas como co-adjuvantes da fisiologia do sistema nervoso, possuem papel essencial no controle químico-sensorial envolvido na respiração. Os astrócitos localizados nas áreas quimiorreceptoras do tronco encefálico são altamente quimiosensíveis e respondem à queda do pH com liberação de íon cálcio intracelular e ATP. Estas alterações metabólicas ativam neurônios quimiorreceptores e induzem ao aumento adaptativo da respiração.
Segundo os autores, estes resultados são importantes para que se entenda mais da dinâmica de doenças respiratórias, como a asma e efisema. Além, é claro, de dar aos astrócitos os devidos créditos por anos de esquecimento.
Por @CartaLu